A creatina é um suplemento amplamente difundido por seus benefícios no esporte, onde ela própria foi reconhecida como uma substância ergogênica, aumentando a resistência ao exercício, a força muscular e a massa corporal magra. Porém é necessário saber que seus benefícios vão muito além: estudos revelam seu potencial terapêutico em doenças neurodegenerativas, câncer e diabetes tipo II. Dessa forma, ela desempenha um papel vital no fornecimento de energia em diferentes células, como nos cardiomiócitos do coração.
A creatina é um componente principal do sistema fosfagênio da creatina quinase (CK) comum a todos os vertebrados. É encontrado em células excitáveis, como os cardiomiócitos, onde desempenha um papel importante no amortecimento e transporte de energia química para garantir que o fornecimento atenda às demandas dinâmicas do coração. Vários componentes do sistema CK, incluindo os níveis intracelulares de creatina, estão reduzidos na insuficiência cardíaca, enquanto na isquemia e na hipóxia representam crises agudas de fornecimento de energia. Dessa forma a suplementação pode ser benéfica para equilibrar os níveis intracelulares de creatina.
As suas aplicações terapêuticas também têm ganhado destaque em relação as doenças do sistema nervoso (SNC). Porém ainda permanecem algumas lacunas sobre os mecanismos ligados aos possíveis efeitos terapêuticos da creatina no sistema nervoso central. Uma das formas de compreender os mecanismos passará certamente pela ampliação do conhecimento sobre os transportadores de creatina.
Até o momento, temos um conhecimento amplo, mas ainda limitado, da interferência que esses transportadores podem ter na ação da creatina dietética (suplementada ou não) sobre os neurônios, os astrócitos e a barreira hematoencefálica.
Estudos realizados (Zervou et al., 2015) em animais (ratos) sugerem que a creatina pode proteger o coração contra lesões de isquemia-reperfusão. Além disso, compostos relacionados, como o ácido guanidinoacético (GAA), são essenciais como transportadores de energia, principalmente em circunstâncias limitadas, como dietas deficientes ou depleção relacionada ao exercício.

Fonte: Machado, M.A. “Creatine Transporter: Uma revisão focada Sistema Nervoso Central.” Biomedical Journal of Scientific & Technical Research, Volume 48 – Edição 1, DOI: 10.26717/BJSTR.2023.48.007583.
O GAA é formado na primeira etapa da síntese de creatina e desempenha um papel importante como transportador/mediador de energia na célula. A suplementação com GAA pode ser de grande importância em algumas circunstâncias onde a biossíntese de GAA é limitada, como dieta deficiente, insuficiência renal, insuficiência renal, depleção de GAA relacionada ao exercício.
No entanto, apesar dos benefícios potenciais, os dados disponíveis ainda apresentam inconsistências. A dificuldade em elevar os níveis de creatina no coração através da suplementação dietética também é um desafio importante a ser superado para aplicação terapêutica. Isso destaca a necessidade de estudos mais aprofundados para esclarecer os efeitos e estabelecer protocolos terapêuticos consistentes (Zervou et al., 2015).
1. Draginić, N., Prokic, V., Andjić, M., Vranic, A., & Pantović, S. (2020). The effects of creatine and related compounds on cardiovascular system: from basic to applied studies. Serbian Journal of Experimental and Clinical Research, 0(0). https://doi.org/10.2478/sjecr-2019-0066
2. Machado, M. A. (2022). “creatine transporter: a review focused on the central nervous system”. Biomedical Journal of Scientific &Amp; Technical Research, 48(1). https://doi.org/10.26717/bjstr.2022.48.007583
3. Zervou, S., Whittington, H. J., Russell, A. J., & Lygate, C. A. (2015). Augmentation of creatine in the heart. Mini-Reviews in Medicinal Chemistry, 16(1), 19-28. https://doi.org/10.2174/1389557515666150722102151


